quarta-feira, 21 de setembro de 2022
Prova de amor.
Fomos tão felizes juntos, a tua gargalhada solta, o meu arfar cansado.
Não estejas triste, tu, vocês a minha família, deram-me a melhor vida possível. Os serões ao calor da lareira, os teus pés que me procuravam de vez em quando. A tua maneira irritante mas bela, de me acordar. Repetias: Tás a dormir, tás a dormir, até eu abrir um olho a contragosto e tu exclamavas toda lampeira; Ainda bem que estas acordado.
Fui mais que teu amigo, fui teu confidente, quando os teus olhos tristes e a tua boca calada desabafava comigo. Não chores, não estejas triste. Acredita, em cada segundo fui feliz, até quando me obrigavas a comer a sopa e a tomar banho. Guardo em mim na luz do meu ser o amor que todos vocês me deram. Até para o fim, quando a velhice veio trazer a escuridão o silêncio e a confusão…
Tu, vocês, foram a minha lanterna e nunca me abandonaram falavam mais alto colava-se a mim…
Shiu, shiu, limpa as lagrimas, olha para os teus dedos, mordidos, sim fui eu que os mordi, quando ambos teimosos perdemos a batalha, eu, a da vida, tua a minha companhia terrena. Mesmo assim não te queixas-te e choras a minha partida.
Não chores, peço-te, deste-me a maior prova de amor quando agarras-te gentilmente, mas com força a minha pata, enquanto o liquido frio da seringa escorria para a minha veia febril.
O desespero que sentes vai passar, e lembra-te sempre do que me dizias até para ser cão é preciso ter sorte. E sim, eu era de facto um cão com feitio de gato, mas ninguém é perfeito nem mesmo os cães…
Em memória de Fagulhas Manuel Marques Pinto. Um rafeiro com
Feitio de gato. O inferno são as saudades…
BEIJÓCAS LARÓCAS DA VOSSA SISSI…
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