quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Um conto de Natal.

Júnior achava a mãe estranha e mistériosa, já á meses desde Outubro, talvez. Mais precisamente quando Júnior disse pela milésima vez que queria um telemóvel para o natal afinal já não era nenhum bebé, ia fazer 10 anos em fevereiro e alguns dos seus amigos tinham telemóvel e tablet e ele nada. Os pais diziam-lhe: Que ainda tinha tempo que se devia dedicar a brincar á apanhada, a jogar á bola ao macaquinho do chines. Na verdade júnior gostava de todos esses jogos e divertia-se sempre muito, com os amiguinhos que tal como ele ainda não tinham telemóvel. Havia quase uma separação entre os meninos e meninas que passavam os intervalos agarrados ao telemóvel e os como ele que corriam suados. A mãe viera com aquela lenga-lenga, que já durava á 3 meses, este ano ainda não vais levar o telemóvel, mas a tua prenda é especial, é um passar de testemunho, já tens responsabilidade para guardar os tesouros de família imagina daqui a muitos anos podes dar aos teus filhos, e ria-se, toda contente, houve uma vez que se emocionou. Mas que treta, havia um tesouro de família, um baú cheio de joias e moedas, como nos livros dos piratas. Logo verás respondia a mãe até lá estuda e porta-te bem, para que o pai natal veja, e não se esqueça de ti. Os pais não compreendiam que ele estava assustado porque ia terminar a 4 classe, ia mudar de escola fazer novos amigos e queria pertencer ao grupo que tinha telemóvel. Já imaginava os tik tok, os jogos, os tweets enfim todo um mundo de aplicações e hipóteses. O pai esse ainda era mais direto, telemóvel já, nem pensar, ainda és demasiado novo. O teu cérebro ainda está a desenvolver-se precisa de oxigénio de gargalhadas, joelhos arranhados, fruta roubada. Júnior desligava, fruta roubada, mas onde? Na varanda de algum terceiro andar? O pai tinha com cada uma! Dezembro chegou, e Júnior já estava resignado, palavra nova que aprendera com o pai, que lhe dissera: Tens que te resignar e ponto final. E ele disparou: Só se souber o que é! O pai desafiou-o a ir ver no dicionário. Mas para mim, o que eu ouvia dos teus tios quando era garoto era: Aguenta e não chora. É mais ou menos a mesma coisa. A árvore de natal estava linda e cintilante a mãe decidiu que seria simbólica estás a ver explicou; O floco de neve em vez da estrela, significa o degelo da Antártica, estas minúsculas fitas prateadas as águas e lagrimas, os laços são também usados nas coroas de flores e as estrelas são homenagem a todos os que faleceram e iluminam agora o céu e nos protegem lá de cima, tudo em branco como a paz que tanta falta faz. Eu abracei-a e disse que ela era a melhor mãe do mundo. -Obrigada, e tu és o meu filho preferido… -Só me tens a mim! -Por isso mesmo. E riu-se. Os presentes foram postos nos pés da árvore, mas o dele não estava lá. -Então e o tesouro? A mãe disse-lhe que ainda não tivera tempo para embrulhar a sua prenda e estava a pensar na melhor maneira de o fazer. Ah, os baús cheios de joias não devem ser fáceis de embrulhar, pensou o Júnior… Os dias foram passando, e uma grande caixa foi colocada debaixo da árvore com o seu nome. Tentou abana-la, nada, parecia chumbo, á, as joias as moedas, passou a sonhar com esmeraldas do tamanho de ovos, colares e anéis. O que iria fazer com aquilo tudo? Ah, teve uma grande ideia… A mãe estava a fazer o jantar, o pai foi á bola é agora; Abriu a caixa, e encontrou livros, muitos livros da coleção uma aventura, da Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães. -Livros, livros, isto é que é o meu tesouro… A mãe ouviu gritar, e foi á sala. -Oh Júnior o que fizeste? Júnior com um livro na mão estava a chorar, soluçava. -Isto é que é o meu tesouro? Livros velhos? A mãe ajoelhou-se ao seu lado e pegou no livro uma aventura na cidade. -Filho, estes são os meus livros de juventude, para mim são um tesouro, estes livros trazem de volta a minha meninice, os sonhos, as aventuras, a fruta roubada, os beijos roubados do teu pai. Oh filho haverá algum bem mais precioso do que um livro? Tão simples, e tão complexo, que nos mostra o mundo e ensina sem vaidade… -Agora estragas-te a surpresa! -Mãe desculpa, eu fiquei triste, porque já tenho muitos livros e pensava que fosse um tesouro como o dos piratas, olha como o rei dos piratas lembras-te? Então eu queria tirar algumas moedas ás escondidas para comprar umas grandes prendas para ti e para o pai. A mãe teve que se rir, depois de uma explicação daquelas… -Olha mãe, não faz mal, é surpresa na mesma, eu não sei as estórias, as aventuras destes livros… -Então vamos fazer um jogo, disse a mãe, vais escolher cinco títulos, e vais fazer cinco estórias a partir desses títulos, e depois vais guardar no respetivo livro, e quando leres vais ver se acertas-te qualquer coisa; O que achas? -Posso começar Já? E assim debaixo da árvore branca da paz e da saudade, começaram a surgir palavras, que formaram frases, textos, estórias, memórias e afins… :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::. BOAS FESTAS PARA TODOS VOÇES MUITA SAUDE E PAPARÓCA DA BOA… BEIJÓCAS LARÓCAS DA VOSSA SISSI…