quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Eu! Qual eu?

Sou uma mulher sem janelas nem portas, despida de mobília, de adornos. Sou uma mulher em reconstrução. Estou de luto de mim mesma, por aquela que já fui e com curiosidade e receio naquela que me vou tornar. Sei que tenho um pouco da sabedoria da terra, pois a ela pertenço; As pernas troncos, os braços ramos a cabeça qual semente que produz frutos. Quero criar frutos doces, ter palavras doces, tenho medo da amargura. Eu, o meu marido silencio, a sua irmã solidão, o meu cunhado desespero; Juntos buscamos momentos felizes, conversas interessantes, boas gargalhadas. Sou uma mulher que conhece o tempo da terra, sou dela. Sei que só há batatas no tempo das batatas, que as joaninhas adoram rama de cenoura. Vou ajoelhar-me na minha mãe terra, enterrar as mãos e pedir-lhe força um pouco da sua força, paciência e capacidade de renascer. Olho; Vejo uma borboleta branca, tao frágil, tao forte, indiferente ao facto de ter pouquíssimo tempo de vida. Interrogo: Será que já foi lagarta? Todas as borboletas já foram lagartas? Se elas conseguiram na sua fragilidade rasgar-se a si próprias, ultrapassar-se, deixar de rastejar, para passar a voar, eu certamente também vou conseguir reinventar-me. Levantar limpar as lagrimas, sacudir os joelhos e seguir; A vida há-de mostrar-me o caminho… BEIJÓCAS LAROCAS DA VOSSA SISSI…